Pesquisa da Ernst & Young em parceria com o grupo GreenBiz aponta os avanços e desafios socioambientais que estão pautando a agenda dos líderes empresariais
Um em cada seis diretores financeiros está “muito envolvido” com
a sustentabilidade empresarial
São Paulo - Gerar valor para os
acionistas e a sociedade, no longo prazo, reduzindo ao mínimo o impacto sobre o
meio ambiente, é o fio condutor dos negócios sustentáveis. Mas não basta sair
por aí dizendo que sua empresa está comprometida com esse valores. É necessário
transparência e estratégia para colocar a sustentabilidade no centro da gestão.
No intuito de mapear as
principais iniciativasempresariais na revolução verde – e também seus desafios –
a Ernst & Young, em parceria com o grupo GreenBiz, entrevistou 272
executivos de empresas com faturamento acima de um bilhão de dólares em 24
setores. A análise das respostas indicou seis tendências que estão pautando os
negócios sustentáveis e a agenda dos líderes. Confira
quais são elas.
1 - Ser verde gera vantagem competitiva
Um número crescente de grandes e
médias empresas está empenhado em mudar a forma de fazer negócios. Prova disso
é o aumento expressivo de publicações de Relatórios de Sustentabilidade, um dos
instrumentos mais importantes para uma empresa prestar contas com a sociedade e
o mercado a respeito de suas práticas socioambientais. Levantamento do site
britânico CorporateRegister.com mostra que, em 1992, apenas 26 relatórios de
sustentabilidade foram lançados contra 5.593 em 2010 - um crescimento superior
a 20 mil por cento em menos de 20 anos.
Além de crescer em número, os
relatórios também estão chamando a atenção de investidores e acionistas.
Segundo o estudo do GreenBiz, 66% das empresas pesquisadas disseram ter sentido
maior interesse do mercado nessas publicações. As questões que mais despertam
curiosidade dizem respeito aos programas de eficiência energética e de redução
de emissões.
2 - Diretores financeiros estão “vestindo a camisa”
Segundo a Ernst & Young, os
diretores financeiros estão se envolvendo mais nos processos de avaliação,
gestão e elaboração dos relatórios de sustentabilidade. Um em cada seis (13%)
entrevistados disseram que o CFO (sigla em inglês de Chief Financial Officer)
está “muito envolvido” com as atividades socioambientais da companhia, enquanto
52% afirmaram que esse profissional participa "um pouco". Os
entrevistados citaram a redução de custos operacionais (74%) e os riscos de
gestão (61%) como dois dos três motores da agenda verde corporativa. O terceiro
agente de transformação é o interesse e engajamento dos acionistas.
Outra tendência emergente nos
negócios que vai envolver ainda mais os CFOs na sustentabilidade é a integração
dos relatórios empresariais, que junta as informações financeiras da companhia
com dados socioambientais e de governança corporativa. O formato chamado GRI
(Global Reporting Initiative) é capitaneado por um grupo com sede na Europa, o
Comitê Internacional para Relatórios Integrados, ou IIRC na sigla em inglês.
General Motors, Accenture, Santander e Natura são algumas das empresas que
seguem as diretrizes da GRI.
3 - Funcionários ajudam a reforçar a ecotorcida
Contrariando o senso comum de que
as iniciativas sustentáveis de uma empresa são sempre motivadas por pressões de
investidores, ONGs e consumidores, o estudo da Ernst & Young aponta os
funcionários como figura-chave. Eles foram citados como o segundo grupo que
mais influencia as decisões “verdes” dentro das companhias, atrás apenas dos
clientes e à frente dos acionistas, políticos e ONGs.A pesquisa também mostra
que as empresas que distribuem seus relatórios de sustentabilidade entre os
funcionários acreditam que eles geralmente compartilham as informações e
projetos com seus familiares, amigos e possíveis fornecedores, ajudando assim a
divulgar as iniciativas.
No Brasil, um estudo
específico voltado para a cadeia de suprimentos,
realizado pelo Instituto Brasileiro de Supply Chain (Inbrasc), mostrou que 45%
da demanda dos esforços em sustentabilidade nas empresas provém dos líderes,
seguido da pressão dos clientes (29%) e das cobranças do governo (12%). A
maioria dos entrevistados disse ainda que entre os motivos que direcionam os
esforços verdes aparece, em primeiro lugar, a possibilidade de criar uma imagem
positiva junto ao cliente, depois a chance de aumentar o valor da marca (67%)
e, em terceiro, a oportunidade de reduzir custos (10%).
4 - Mudanças climáticas são dor de cabeça e oportunidade
As questões climáticas entraram
para a lista de preocupações estratégicas de muitas empresas. Três quartos dos
entrevistados disseram estabelecer metas de redução de emissões de gases efeito
estufa, sendo que mais da metade admitiram reportá-las publicamente. Medir a
pegada de carbono já conta como diferencial para uma empresa acessar mercados
mais exigentes. Há cobrança também por parte da cadeia de abastecimento e de
outros parceiros comerciais.
O uso de água no processo
produtivo é outra preocupação crescente das empresas, tendo em vista que todos
os negócios, de uma forma ou de outra, dependem desse recurso finito. Segundo o
estudo, 80% dos entrevistados acreditam que a gestão da água afetará os
negócios nos próximos cinco anos. A boa notícia é que a maior parte dos líderes
enxergam nesse processo mais oportunidades do que riscos.
5 - É bom ficar de olho na dívida ecológica
Pense só: em 2030, a classe média
mundial deverá ser formada por 4,9 bilhões de pessoas, ávidas por consumir
produtos e serviços. A demanda por bens, só desse grupo, poderá passar dos
atuais 21 trilhões para 56 trilhões de dólares. O efeito direto sobre o meio
ambiente será um só: o aumento da pressão sobre o recursos naturais. No
universo corporativo, escassez de recursos naturais é sinônimo de riscos para o
negócio. Segundo o levantamento da Ernst & Young, 76% dos entrevistados
disseram temer que suas empresas sejam afetadas pela escassez de recursos
naturais nos próximos cinco anos. Para não serem pegos desprevenidos, os
empresários precisam se antecipar aos cenários mais difíceis e investir em
soluções e processos que otimizem a produção de forma a reduzir a demanda e
dependência desses recursos.
6 - E, claro, não descuidar do visual
Não tem escapatória: cada vez mais, as companias terão que enfrentar uma enxurrada de questinamentos sobre a sustentabilidade que pregam. Segundo dados do Greenbiz, todos os anos as empresas recebem pelo menos 300 questionários “verdes” de clientes, grupos de investidores, ONGs, mídia, entre outas organizações. Alguns desses questionários resultam em rankings e classificações ou ainda abrem as portas para as empresas se inserirem em índices de ações de prestígio, como o Dow Jones Sustainability Index. Por isso, para os que já conquistaram reconhecimento, é sempre bom preservar a reputação "verde". E para os que ainda ignoram essas tendências, o melhor é apressar o passo para não se queimar no futuro.
Não tem escapatória: cada vez mais, as companias terão que enfrentar uma enxurrada de questinamentos sobre a sustentabilidade que pregam. Segundo dados do Greenbiz, todos os anos as empresas recebem pelo menos 300 questionários “verdes” de clientes, grupos de investidores, ONGs, mídia, entre outas organizações. Alguns desses questionários resultam em rankings e classificações ou ainda abrem as portas para as empresas se inserirem em índices de ações de prestígio, como o Dow Jones Sustainability Index. Por isso, para os que já conquistaram reconhecimento, é sempre bom preservar a reputação "verde". E para os que ainda ignoram essas tendências, o melhor é apressar o passo para não se queimar no futuro.
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